CONTOS

 

 
A Nova Roupa do Rei

 
                                       
Era uma vez um tão vaidoso de sua pessoa que só faltava pisar por cima do povo. Certa vez procuram-no uns homens que eram tecelões maravilhosos e que fariam uma roupa encantada, a mais bonita e rara do mundo, mas que só podia ser enxergada por quem fosse filho legítimo.
O rei achou muita graça na proposta e encomendou o traje, dando muito dinheiro para sua feitura. Os homens trabalharam dia e noite num tear mágico, cozendo com linha invisível, um pano que ninguém via.

 
O rei mandava sempre ministros visitarem a oficina e eles voltavam deslumbrados, elogiando a roupa e a perícia dos alfaiates. Finalmente, depois de muito dinheiro gasto, o rei recebeu a tal roupa e marcou uma festa pública para ter o gosto de mostrá-la ao povo.
Os alfaiates compareceram ao palácio, vestindo o rei de ceroulas, e cobriram-no com as peças do tal traje encantado, ricamente bordado mas invisível aos filhos bastardos.

 

 
O povo esperou lá fora pela presença do rei e quando este apareceu todos aplaudiram com muito entusiasmo. Os alfaiates, aproveitando a festa, desapareceram no meio do mundo.
 

 
O rei seguiu com o cortejo, mas, atravessando uma das ruas pobres da cidade, um menino gritou:

 
- O Rei está de ceroulas!

 
Todo mundo ali presente reparou e viu que realmente o rei estava apenas de ceroulas. Uma grande e entrondosa vaia foi o que se ouviu. O rei correu para o palácio morto de vergonha. Desse dia em diante corrigiu-se seu orgulho. E enquanto durou seu reino foi um rei justo e simples para o seu povo.

 
fim

 
Nota:
Conto da idade média compilado pela primeira vez na Espanha por Dom Juan Manuel, século XV, em um livro intitulado "Libro de Patronio ou do Conde Lucanor". Anderson o contista, mais tarde o modifcou e criou sua própria versão da história.

 

 

 

 

 

 

 

 
O Menino que Quase Virou Cachorro




Miguel era um menino bacana.
Brincalhão, inteligente, amigo dos amigos.
E ele era muito amigo do Tanaka, um outro menino brincalhão, inteligente e descolado.
Os dois conversavam muito, sobre uma porção de coisas.
Um dia o Miguel disse pro Tanaka:

-Cê sabe, Tanaka, eu acho que eu sou invisível.

-Invisível? Como assim? Eu estou vendo você muito bem...

- Não – disse o Miguel – não sou invisível pra todo mundo, não. Só pros meus pais. Eles olham pra mim, mas acho que eles não me enxergam!

O Tanaka ficou espantado. E então eles combinaram que iriam à casa do Miguel só pro Tanaka ver.
No sábado, na hora do almoço Tanaka chegou, como eles tinham combinado.
Miguel abriu a porta, mandou o amigo entrar e anunciou a todos que já estavam sentados pra almoçar :

-Eu trouxe o Tanaka pra almoçar conosco!

A mãe do Miguel levantou, botou um a cadeira pro Tanaka, foi buscar um prato, um copo e os talheres.
Enquanto isso ia conversando:

-Olá, Tanaka, faz tempo que você não aparece! E sua mãe vai bem? E sua irmã, tão bonitinha, sua irmã...

Mas nem olhou pra Miguel.
Miguel sentou-se, serviu-se, comeu, e ninguém olhou pra ele. Tanaka ficou reparando.
Então o Miguel fez uma pergunta pra pai, mas ele estava prestando atenção à TV e só fez:

-Shhh...

Quando os meninos saíram o Tanaka estava espantado, mas ele disse:

-Acho que as famílias são assim mesmo. Ninguém presta atenção aos filhos...

O Miguel ainda falou:

-Pois é, quando eu saio com mau pai é ainda pior! Mau pai fala comigo como se eu fosse o cachorro “Anda!”, “Anda logo!” “Espera!” “Anda!” “Vem logo!”
Na semana seguinte Miguel saiu com o pai. E como ele tinha dito o pai só dizia “Anda!”, “Vem logo!”
Miguel foi ficando bravo.

Aí quando o pai, mais uma vez disse “Anda!” Miguel latiu:
-Au, au, au, au!
O pai olhou espantado, mas o ônibus estava chegando e eles tomaram o ônibus.
Quando desceram o pai continuou: Anda, para, espera, vem logo!
Miguel latiu outra vez:

-Au, au, au, au!

O pai olhou espantado:
-Que é isso, menino, vem!

E o Miguel:

-Au, au, au, au!
-Pára com isso! – o pai respondeu – Vem!
Miguel resolveu parar, porque achou que o pai estava ficando bravo...

Mas na outra semana havia um casamento de uma prima e o pai levou o Miguel para comprar uma roupa. Nem perguntou o que ele queria. Já foi escolhendo uma calça comprida, uma camisa, um suéter e ... uma gravata.

Miguel não falou nada, porque ninguém perguntou. Mas ele pensou: “Eu não vou botar gravata, nem morto. Eu não sou cachorro pra usar coleira...”

No dia do casamento Miguel tomou banho, se vestiu, calçou os sapatos, que também eram novos, mas não botou a gravata.

O pai dele chamou: “Vem aqui. Miguel chegou perto do pai e disse:

- Eu não quero botar gravata. Parece coleira.

O pai nem respondeu. Ele disse:

-Vem!

E foi botando a gravata no pescoço d Miguel e dando um laço e apertando o laço e o Miguel começou a uivar.

-Aúúúúúúú!

O pai ficou espantado, mas continuou a apertar o laço e a dizer:

-Fica quieto! Não se mexa!

Pare com isso!

E então o laço estava tão apertado que o Miguel não agüentou. Tacou uma mordida na mão do pai.
O pai ficou furioso, cheio de “Que é issos” e de “ Para já com issos” e de “Vam’ver, vam’veres”.

A mãe veio lá de dentro pra ver o que estava acontecendo e o Miguel disse:

-Se não querem que eu vire cachorro, não me tratem como cachorro!

O pai olhou pra mãe.

A mãe olhou pra pai.

-Que é isso – disse a mãe – ninguém trata você como cachorro!

E o Miguel respondeu:

-Então não me ponham coleira! Não me chamem “Vem”. Eu tenho nome.

O Miguel, nesse dia, foi ao casamento sem coleira... quer dizer, sem gravata.

E o Tanaka e contou que quando foi à casa do Miguel, na semana passada, os pais falavam com ele direitinho:

-Quer mais feijão, Miguel?

-Me passa a batatinha, filho?

 

 
Ruth Rocha


 
O CASAMENTO DA VASSOURA
Marlene B. Cerviglieri
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Ali guardadinha estava a vassoura num cantinho do armário. Às vezes a tiravam e dançava muito pela casa ou quintal, ficando até tonta de tanto ir pra lá e pra cá. Mas depois ficava no cantinho até tristonha mesmo. Um dia, porém, ouviu uma vozinha que a chamava:
- Dona Vassoura, oh dona vassoura está me ouvindo?
- Sou eu, a dona Pazinha aqui do outro lado.
- Sim, estou ouvindo - disse a Vassoura até meio assustada.
- Tenho um recado para a senhora, do senhor Rodo.
- De quem?
- É do senhor Rodo.
- Ele mandou lhe dizer que gostaria de casar com a senhora!
- O que devo responder a ele?
- Ora - disse a Vassoura, pega de surpresa - Eu casar com o senhor Rodo?
- É sim. Pense e depois me dê a resposta, é só me chamar.
Dona Vassoura ficou inquieta, pensou, pensou...
- Sozinha aqui pelo menos vou ter um companheiro, nada tenho a perder, até que ele é bem simpático pois já o vi algumas vezes brincando na água.
Mais tarde a noitinha dona Vassoura chamou dona Pazinha e disse-lhe:
- Bem diga a ele que aceito, mas como será o que vamos fazer?
- Não se preocupe nós vamos arranjar tudo para o casamento.
E assim foi.
Fizeram, primeiro, a lista dos padrinhos e convidados.
- Ouça dona Vassoura, os padrinhos de seu casamento serão: o senhor Balde e eu. As daminhas serão as Flanelinhas que estão todas felizes pelo evento.
- O senhor Papel Higiênico ficou de enfeitá-la e fará uma grinalda bem linda, ele prometeu.
- O ambiente será todo perfumado pois, os Senhores Desinfetantes se incumbirão de fazê-lo. - No mais, todos os outros moradores deste armário vão contribuir. Os senhores Panos de Chão, os Tapetes, até o Sr Desentupidor irá colaborar.
- Pelo jeito já está tudo combinado, não é mesmo dona Pazinha?
- É sim. Vamos marcar para a próxima noite, certo?
- Sim, combinado.
A noite veio e o casamento foi realizado com muita simplicidade. Dona vassoura toda enfeitada. O noivo, Senhor Rodo, com a ajuda do Senhor Pano de Chão, estava muito bem enrolado, muito elegante.
Os convidados estavam felizes e a festa foi até de madrugada.
No dia seguinte, quando foi aberto o armário, estava tudo diferente!
- O que aconteceu aqui? Pensou a dona da casa...
A vassoura toda enfeitada de papel higiênico, o rodo fora do lugar...
Fechou a porta do armário e esqueceu o assunto, mas que era estranho era...
Lá dentro os convidados começavam acordar da festa de ontem, ou seja, do casamento da Vassoura...

 

 

 

 

 
O HOMEM DO SACO
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Marlene B. Cerviglieri

 
O dia tinha sido muito lindo, com um sol gigante e um céu muito azul.
Todos nós tínhamos jogado bola, pulado obstáculos, corrido muito, enfim brincamos prá valer.
Combinamos que depois de jantar nos reuniríamos na calçada para contar histórias.
Como me lembro bem deste dia!
Mas e daí conte como foi, estou ficando muito curiosa.
Bem, nosso dia já havia sido perfeito com tantas brincadeiras.
Fomos chegando um a um, já de banho tomado, com uma boa refeição no estomago.
Sentamo-nos na beirada da calçada embaixo de uma frondosa árvore, tornando assim a noite mais escura.
- Que vamos fazer então?
- Jogar fubecas? Ah, isso não - responderam todos.
Depois de muita discussão, chegamos à conclusão de que seria melhor contarmos histórias.
Foi então que ouvi a história do homem do saco.
Era uma família de três irmãos, o pai e a mãe. Moravam em uma residência muito graciosa.
Não lhes era permitido juntar-se aos garotos que brincavam na rua.
“Por que?”
Bem não sei muito bem, mas o pai era uma pessoa muito diferente dos outros pais.
Nunca ninguém ia brincar na casa e as portas e janelas raramente se abriam.
Às vezes podia se perceber que havia alguém por trás da janela espiando, mas nada se sabia a respeito.
Tinham um cachorro grande, muito feio, que rondava a casa dia e noite, e nunca latia.
Naquele tempo recebia-se carvão em casa e pedras de gelo para a geladeira e até mesmo leite em garrafas especiais.
O gelo chegava em uma carrocinha sempre pingando, e era lançado porta adentro. O leite ficava no portão do lado de fora da casa.
“Espera um pouco, ninguém levava?”.
“Não, nunca soube disto”.
Mas, continuando, o carvão vinha em sacos especiais.
Conta-se que certo dia, ao chegar na casa, antes que deixasse o saco de carvão, o carvoeiro ouviu um choro sentido que vinha lá de dentro.
Parou e ficou escutando.
Não precisa chorar mais, dizia alguém. Ele logo irá embora.
- Tenho medo dele - suspirava a criança.
- Pare, senão ele não vai embora.
Fez-se um silencio e o carvoeiro deixou o saco no lugar e se foi. Ficando intrigado com isso, pensou:
“- Da próxima vez vou ficar escutando para ouvir do que a criança tem medo. Será que é de mim”?
E assim foi feito.
Deixou o saco de carvão, fez que ia embora e não foi.
- Pronto - dizia alguém lá dentro- ele já se foi.
- Você viu? Ele traz o saco nas costas e fica esperando, se você sair ele te pega e leva embora dentro do saco.
- Ele é o homem do saco.
O pobre coitado estava ali ouvindo, atônito!
Credo, como alguém pode dizer uma coisa destas para uma criança? pensou.
Voltou para carvoaria e no final do dia depois de um bom banho, foi falar com o delegado da cidade.
Narrou a ele todos os fatos, e os dois foram até a casa.
Bateram na porta, bateram e nada de abrirem.
Finalmente, depois de muita insistência, apareceu o dono da casa.
O Delegado lhe passou um corretivo e à mulher dele também. Chamaram as crianças e apresentaram o homem do saco com todas as verdades.
Daí em diante, aquela casa ficou sendo chamada de “a casa do homem do saco”.
Até hoje ainda existem pessoas que gostam de assustar crianças com isto:

Um dois três...
O ultimo que ficar,
O homem do saco vai levar...
Fim da história.

 

 

 
O Docinho da Formiga

 
Marlene B. Cerviglieri

 
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Num dia muito lindo, de sol e céu azul o formigueiro todo trabalhava avidamente, pois logo chegariam o inverno e tempos difíceis. A mamãe formiga trabalhava e cuidava também de suas formiguinhas, tinha muitas delas, mas uma era muito danadinha. Sempre se metia em encrenca e confusão, pois se afastava do formigueiro, de tanto que gostava de tudo saber.
Todos sabemos que é muito bom saber das coisas, mas quando somos pequenos devemos sempre ouvir os mais velhos, principalmente a mamãe, o papai, a vovó e o vovô.
 - Por que?
 - Ora, eles sabem das coisas! Já aprenderam antes e naturalmente vão passar para os menores.
 - Bem, voltando à formiguinha Bibica, era assim seu nome,gostava muito de mexer em tudo e, às vezes, tentava carregar folhas bem maiores que ela, e conseguia, porque a formiga tem muita força.
Até ai a mamãe dela não se preocupava,mas sim com o que ela comia. Sempre estava dizendo para Bibica comer menos açúcar. Era demais como gostava de docinhos, coisas doces como dizia.
Uma tarde viu no chão umas bolinhas, comeu uma e gostou muito. Eram docinhos e foi comendo, comendo, comendo...  De repente não viu mais nada, só ouvia sua mamãe chamando muito longe... Ficou assim por muito tempo. Quando finalmente conseguiu acordar já havia passado um dia inteiro.
 - Bibica, disse a mamãe, que te sirva de lição formiguinha danada! Nem tudo que é docinho se pode comer! Você precisa aprender a ver e saber o que põe na boca, formiguinha danada.Não sabe o trabalho que deu, pois comeu remédio de humano. Sempre que for comer alguma coisa precisa saber o que é. Às vezes os humanos jogam remédio para nós comermos e aí é o fim! Aprenda Bibica, só coma aqui no formigueiro que é a sua casa.
Ouvindo a história toda, Luisa arregalou os olhos e disse:
 - Mamãe eu só vou comer aqui em casa e nunca vou querer o docinho da formiga.
 - Isso mesmo filhinha, também para comer tem que se aprender.
Agora vamos descansar um pouquinho, e não pensar no docinho da formiga.
Com histórias simples se pode evitar muitos acidentes!

 

 

 

 

 
 A Lição da Dona Ratinha
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Marlene B. Cerviglieri

 

Na toca de dona Ratinha, havia muita alegria!
Estavam felizes, pois nasceram todos os ratinhos esperados.
A mamãe ratinha radiante limpava a cria, e o papai já havia saído para ver o que poderia trazer para o jantar.
Era difícil enganar o Totó e a Jesebel, a branquinha.
Correu por entre os entremeios das cantoneiras da sala e ficava esperando uma oportunidade para poder pegar um pouco de alguma coisa para a família comer.
Cada dia ficava mais difícil, não pelo Totó, um cachorro de cor preta e bem gordinho, com tanto pelo no cara que nunca se sabia se estava dormindo ou acordado...Não dava para ver os olhos.
Um certo dia, quando os ratinhos já estavam maiores, um deles de nome Taynó, saiu e foi seguindo o pai pela casa.
Viu o Totó e levou um susto!
Mas quem deu muito trabalho mesmo foi a gatinha branca Jesebel!
Conseguiram os dois se safarem e entraram, ofegantes, na pequenina toca onde moravam todos.
Correu para a mamãe ratinha e disse ter visto uma coisa muito feia, grande cheia de pelos grandes. Não sabia nem onde começava a cabeça daquilo!
Mas a branquinha era tão lindinha!
Andava devagarzinho, seus olhos tinham um brilho!
- Meu filho você teve uma grande lição hoje, disse a mamãe ratinha.
- Eu mamãe?
- É, você mesmo.
As aparências enganam.
Quem mais nos dá trabalho é a branquinha, enquanto que o Totó dorme o tempo todo.
Ele sabe que pegamos comida do prato, mas só late não é perigoso.
Portanto preste muita atenção, e não julgue pela aparência, ela pode enganar.
Ali quietinho em seu cantinho Taynó pensava:
- Puxa eu até que gostei da branquinha e seus olhinhos brilhantes, mas vou tomar cuidado.
A mamãe sabe das coisas, e dormiu rapidamente depois de ter comido um bom bocado de queijo.
Ah, não era queijo não só tinha a aparência...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
O RATINHO GULOSO
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Marlene B. Cerviglieri

 

Era uma vez um ratinho muito guloso.
Morava em cima de um armário na cozinha.
A dona da casa ralhava com o gato o tempo todo, mas a culpa era do ratinho que comia tudo de bom que aparecia.
Todas as vezes que o gato tentava apanhá-lo, este fugia para o alto do armário.
O gato apanhava de vassoura, e era posto para fora de casa levando sempre a culpa.
Juninho, o menino da casa chegou um dia com chocolates, comeu uma parte e o restante deixou em cima do sofá...
É claro sumiu!
Adivinhe quem comeu?
O ratinho malandro que tudo comia.
Um dia a família precisou sair, mas antes a dona da casa chamou o gato e disse;
- Preste atenção bichano, acabei de fazer este bolo de chocolate, vou deixá-lo aqui em cima da mesa para esfriar.
-Quando voltarmos quero tudo certinho, entendeu? Senão ponho você para fora de uma vez!
O gato ficou apavorado...
O jeito é prestar muita atenção, não descuidar, pensou ele.
Porém lá do alto do armário, o ratinho já se preparava para vir comer o bolo.
De repente o gato teve uma idéia!
Abriu a porta da geladeira e, com muito cuidado guardou o bolo lá dentro.
Quando ele abriu a geladeira o ratinho olhou para o interior dela, e, hum, que delicias, queijo, presunto. Quanta coisa boa!
O bichano não fechou a porta de geladeira, colocou uma vassoura segurando a porta e foi se esconder.
O ratinho guloso desceu rapidinho entrou na geladeira e comeu, comeu de tudo, estava tão farto de comer que não notou que a porta de mansinho fechou-se...
Estava realmente cansado e deitou-se numa gelatina e balançava pra lá e pra cá. Adormeceu.
Foi ficando gelado, gelado e foi envolvido por uma nevoa e quando viu estava dentro de uma pedra de gelo...
Pobre bichano, quando sua dona voltou e não viu o bolo na mesa! Que gritaria...
O gato tentava explicar, levando-a até a geladeira, e nada, ela não o escutava.
Foi posto na rua enxotado por vassouradas!
Mas que susto teve Juninho, ao procurar uma gelatina na geladeira!
Lá estava congelado, o ratinho malandro!
Chamou a mãe que finalmente entendeu o que o bichano queria dizer.
Procuraram o bichano que estava no jardim meio machucado de tanta vassourada.
O ratinho? Bem este foi jogado mesmo bem longe da casa e saiu rolando pela ladeira, pois era uma bolinha de gelo!
- Ei, cuidado viu?
Preste atenção sua gelatina pode ter uma surpresa!!
 

 

 

 

 
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A FÁBRICA DA LARANJA

 
Marlene B. Cerviglieri 
  

 
- É tão bonito de se ver, tanto quanto um vaso de flores.
- O quê, mamãe?
- Uma cesta cheia de frutas.
- Frutas, mamãe?
- É isso mesmo.
- Vou te contar uma estória sobre frutas.
- Uma vez havia uma fruteira cheia de frutas na sala de minha avó. Eram tão lindas que eu imaginei que elas conversavam. Encostei minha cabeça na mesa para ouvir a conversa. Sabe o que estava acontecendo? Elas estavam brigando...
- Brigando mamãe?
- Sim, meu filho, brigando.
- Dizia a banana para o mamão:
- Você está vermelho demais, é de vergonha eu creio.
- Nada disso - respondeu ele - pensa que não vi! você está cheia de pêlos e muito branquinha, por isso tem inveja de mim porque eu sou corado.
- Você não sabe nada... – respondeu a banana - não tenho pêlos seu bobinho, são as proteções para minha polpa.
Enquanto isso a pêra empurrava o abacaxi reclamando:
- Chega pra lá, você está arranhando a minha pele macia e delicada.
- Cala a boca, sua chata. – respondeu o abacaxi – você é que quer ficar grudadinha em mim só para sentir o meu perfume gostoso. Vamos, fala a verdade!
A pêra se afastou amuada. A ameixa reclamou da grosseria do abacaxi. A maçã foi logo se afastando para não entrar na confusão. O melão discutia com o cacho de uva que dizia:
- Vou falar com a dona da fruteira. Ela precisa separar as frutas. Estas frutas espinhosas – olhou para o abacaxi – têm de ficar com as de cascas duras amarelas – e olhou para o melão. Senão as frutas delicadas como o mamão, a dona pêra, a dona maçã serão esmagadas.
E assim continuaram a brigar, sem perceber a tristeza da laranja encostadinha neles. Pensava a laranja:
- Ninguém gosta de mim. Sempre escolhem a banana, o mamão e a dona maça. Não devo ter graça nenhuma.
Nesse momento entraram na sala de jantar, minha vovó, meu irmãozinho menor e o teu tio Pedro.
Sentaram-se ao meu lado sem se importar comigo ali deitada fingindo que dormia.
- Veja Pedro, - disse pegando a laranja na mão, - Esta é uma laranja. Quando você a pega na mão, assim, parece que não tem nada, não é mesmo?
- Suco vovó.
- Não meu querido, não é só isso. Veja o que a vovó vai fazer com uma laranja
Pegou a laranja e cuidadosamente tirou a casca. Depois tirou gomo por gomo e colocou no pratinho.
- Veja Pedro vou mostrar a você a fábrica de garrafinhas que a laranja tem.
- Fábrica de garrafinhas?
- Isso mesmo, veja.
Com cuidado tirou a pele do gomo e foi tirando as garrafinhas cheias de suco.
- Que coisa bonita vovó?
- E agora vamos à casca. Vamos parti-la em tirinhas deixa-las de molho e mais tarde farei tirinhas de casca de laranja açucaradas.
- Puxa! quanta coisa não é vovó?
- Ali, fingindo que dormia, meu filho, aprendi muito. Às vezes você está no meio de tantos e se sente nada. Mas sempre há alguém que vem e mostra a você o seu valor chegando ao seu coração.
- Como a laranja mamãe?
- Isso mesmo, filho.
- Sabe meu querido, devemos comer de todas as frutas. É claro que há alguma que o seu corpinho não aceita.
- É, eu sei, por causa da alergia não é mesmo?
- Isso meu querido.
- Sabe mamãe, lá na escola vamos fazer uma salada de frutas. Vou aproveitar para contar a estória para eles.
Na fruteira a laranja estava feliz.
- Puxa não sabia que eu tinha uma fabriquinha dentro de mim...
E agora amiguinhos, vamos comer frutas?    

 

 

 

 

 
O ESPANTALHO E A ESPIGA

 
Marlene B. Cerviglieri

 

 

 

 
Era uma vez uma cidade muito bonita, onde as famílias viviam muito felizes! As casas eram grandes, os quintais todos plantados com arvores de muitas frutas que se chamava o pomar. Além deste pomar havia também uma área muito grande toda plantada de milho e cana.
As crianças tinham animais de estimação como cachorrinhos, porquinhos e filhotes de cavalo também. Todos aprendiam cedo a montar num cavalo, sabiam tirar leite da vaca e cuidar dos bezerrinhos até uma certa idade. Tinham suas tarefas, mas nem por isso deixavam de ir a escola.
Saiam de casa cedo e caminhavam até lá, levando seus lanches nas mochilas, só voltando na hora do almoço. Estavam todos muito felizes com a preparação da festa junina que sempre era muito bonita e cheia de atividades. Faziam os pares e a professora os treinava na famosa quadrilha.
Cantavam também em duplas tocando violão, pois aprendiam com os pais., que também dançavam a quadrilha. Havia doces e salgados de todos os tipos, principalmente de milho que era o que plantavam. No meio desta algazarra toda, existia uma pessoa que andava meio triste. Ah...quem seria? Acredite se quiser, o Sr. Espantalho...
É, ele ficava no meio do milharal para espantar os pássaros que vinham bicar as espigas, afugentando-os. Uma manhã salvou uma bela Espiga de Milho que vários pássaros estavam espreitando.
- Obrigado, Sr.Espantalho, por ter me salvado.  Estou muito grata.
Era muito educada esta Espiga sempre agradecia e pedia por favor, pois assim aprendera com seus pais.
- Posso fazer alguma coisa pelo senhor?
- Pensando bem, pode sim, respondeu o Sr. Espantalho.
- Pois diga então...
Chegou-se até ela e falou bem baixinho perto de seu ouvido.
Oh...oh.. repetia a Espiga.
- E então aceita?
- Sim de minha parte tudo bem, mas vou pedir permissão para minha mamãe.
E assim chegou o dia da Festa Junina no Arraial. Quase toda a cidade estava lá, comendo bebendo o suco de cidra quentinha e cantando. Foi anunciada a primeira quadrilha. Vieram as crianças e foi muito bonito tudo. Veio a segunda dos pais, foi também muito bonita. Ai chegaram os pares para cantarem as modas de viola. Estavam  no palco todo feito com os caixotes das frutas, enfeitado com bandeirinhas, e um  bambu enorme em forma de arco e muito enfeites com legumes e espigas de milho.
Era o costume, pois também agradeciam a colheita que haviam tido, por isso usavam estes enfeites. Mas eis que de repente, no meio da música que estavam  cantando, apareceu quem? O Sr espantalho e a Espiga de Milho... Dançaram muito bem e bastante até o final quando já o chapéu dele escorregava da cabeça... Estavam   lindos os dois, a Espiga toda enfeitada e de trancinhas.
Todos os presentes adoraram e bateran muitas palmas, eu diria que mais para eles do que para a quadrilha. Foi então que as crianças entraram no meio fizeram uma roda e os colocaram dentro. É não devíamos ter esquecido deles, afinal fazem parte da família da cidade e nos ajudaram bastante. A festa prosseguiu animada o resto da tarde.
A lição ficou, mesmo que pareçam insignificantes certas coisas são importantes em nossas vidas, como por exemplo...
O Espantalho e a Espiga!

 

 

 

 
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A cidade dos vaga-lumes

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Marlene B. Cerviglieri 

 
A cidade era muito pequena, porem seus habitantes muito unidos. Todos sabiam de tudo. O que acontecia durante o dia, era assunto para o jantar. Viviam do cultivo de suas plantações, e em geral a colheita era sempre muito boa. Havia os que plantavam laranjas, outros café e milho e mesmo cana. Alem desta plantação todos tinham sua horta particular para o sustento da família.
Ao redor das casas viam-se arvores de frutas como goiabas, maças pêras e até parreiras de uva. Sempre ao final da colheita faziam uma grande festa na rua principal. Chegou finalmente o grande dia, e as senhoras estavam muito ocupadas com tantos pratos especiais para serem feitos. A rua estava toda enfeitada, com espigas de milho e abóboras. Usavam para enfeitar tudo que haviam colhido, ficava muito interessante de se ver. A agitação corria solta, as crianças estavam alegres pulando de um lado para o outro. Creio que toda a cidade estava presente nesta festa que acontecia o dia inteiro. A noite foi chegando e a festa continuava.
Começou a escurecer e as luzes não se acendiam! Alegres que estavam não deram muita importância ao fato. Foi escurecendo mais, e ai então ficaram preocupados. Vamos ver o que esta acontecendo... Mexeram, lidaram com os fusíveis e nada de se acenderem as lâmpadas. Acabaram ficando no escuro... Foi então que começaram a ver as luzinhas piscando em todo lugar! Mas o que é isso? Estavam sem saber o que era aquilo. Devagar tudo foi ficando quase iluminado, não era como as lâmpadas mas iluminavam! Foi quando alguém gritou bem alto;
- Os vaga-lumes...
Eram vaga-lumes pulando para todo lado, participando da festa também! Riram a vontade, continuaram a festa, pois os vaga-lumes se incumbiam de iluminar um pouco. Depois disto ficou tradição na cidade, no dia da festa nada de lâmpadas. Esperavam anoitecer para ver os vaga-lumes fazerem seu trabalho. Não acreditam? Pois vão conferir.
Onde? Na cidade dos vaga-lumes....

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
O Elefantinho que queria voar!
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Marlene B. Cerviglieri
 


Eram todos muito unidos, numa família muito grande mesmo.
As brincadeiras dos macacos eram constantes e divertidas.
As cachorrinhas então uma gracinha, todas branquinhas e algumas com a cabeça cor de rosa!
Havia a família das cobras que não se misturavam muito, estavam sempre dormindo e pareciam famintas o tempo todo.
O Urso marrom já estava muito velhinho e quase não saia de seu cantinho, apesar de ainda participar das funções do circo.
Havia também os Elefantes que apesar de serem muito grandes, eram meigos e brincalhões.
Estavam sempre alcançando as coisas com suas trombas compridas.
Esta família tinha um filhinho, um Elefantinho cinza muito engraçadinho.
Já estava em treinamento para participar das funções do circo.
Toda vez que o traziam de volta para seus pais, ele reclamava.
-Não quero ficar dando voltinhas no picadeiro
-E o que você quer fazer? Perguntou seu pai que todo dia ouvia a reclamação do filho.
- Eu quero aprender a voar, papai igual ao trapezista!
Nem preciso dizer que o papai Elefante quase caiu sentado ao ouvir isto.
-Como você quer aprender a voar meu filho?
-Ora, aprendendo com o treinador.
-Filho venha até aqui bem perto de mim e me ouça:
_Não quero que você se aborreça com o que vou lhe dizer.
Preste atenção:
Veja o meu tamanho.
_Sim papai e daí?
_Você vai ficar do meu tamanho e levar as bailarinas em suas costas.
Vai ser muito forte e bonito.
Com todo o peso que terá será muito difícil pular de um trapézio para outro!
_Você quer dizer que serei gordo e não poderei voar?
-Não te chamei de gordo, mas nós os elefantes somos grandes e fortes.
Você já imaginou se o Macaco for carregar as bailarinas nas costas?
-O Elefantinho riu...
-Seria bem gozado e ele ficaria todo desmontado, coitadinho.
-Então meu filho o que te quero dizer é que nem sempre podemos sonhar muito alto, acabamos num tombo.
Porém se deve sonhar dentro daquilo que poderemos ter condições de fazê-lo.
Cada um aqui tem sua família, e são adestrados dentro do que eles podem fazer.
Não fique triste, mas um dia entenderá o que estou te dizendo.
O Elefantinho ficou todo amuado num canto pensando no que havia ouvido.
Teimoso que era, sem que ninguém percebesse entrou no picadeiro.
Àquela hora não havia ninguém.
Se não vou poder quando for grande, farei agora que sou mais leve e menor.
Lá foi ele tentar subir a escada para chegar ao topo do trapézio para voar.
É claro que não conseguiu subir na escada, mas derrubá-la.
Todos correram para ajudar o Elefantinho que estava embaixo da escada.
O pai Elefante chegou e com sua força e tromba tirou-o de lá.
_Como você esta meu filho?Machucou-se muito?
-Mais ou menos papai, acho que quebrei uma de minhas pernas.
Veio o amestrador e medicou o Elefantinho, e ainda pediu desculpas por ter deixado a escada no caminho.
-Nunca esqueço de guardá-la, mas hoje me distrai falava ele para o dono do circo que estava muito bravo.
Já medicado e em seu cantinho, o Elefantinho pensava:
_Que tolo que fui apesar da lição de meu pai.
_Se eu o tivesse escutado não estaria com essa perna toda enfaixada.
E a dor que senti quando a escada caiu!
Não era um sonho de verdade.
Às vezes queremos fazer alguma coisa diferente, só porque vimos outros fazerem.
Pode até ser fazer algo diferente, mas desde que existam possibilidades para isso.
Ouvir o conselho dos pais ou avos até mesmo de amigos é interessante.
Assim adormeceu.
Nos outro dia seus amigos o visitaram e o dono do circo também.
Deu-lhe uns tapinhas nas costas e disse:
-Meu caro Elefantinho tenha mais cuidado, pois conto com você para novas apresentações.
Só você poderá fazê-lo com seu tamanho e força.
Portanto se cuide meu caro.
O Elefantinho ficou tão alegre e percebeu que ser grande e gordo por natureza, também serve para alguma coisa!
_Que voar que nada, vou ficar com minhas patas bem aqui na terra.
É meu amiguinho aprenda com o Elefantinho, não queira ser diferente seja você mesmo e sonhe bastante, mas com muito cuidado!
Um abraço.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
A Casa da Aranha
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Marlene B. Cerviglieri

 


Dedé era uma pessoa muita querida em nossa casa.
Trabalhava conosco há muito tempo, segundo minha mãe, eu não era nem nascida.
Cuidava de toda arrumação e ainda sobrava tempo para nos contar histórias.
Quase sempre falava sozinha enquanto trabalhava.
Uma vez perguntei para minha mãe porque ela falava sozinha?
Minha mãe me disse que ela pensava alto!
Tem pessoas que pensam alto, meu filho.
Uma tarde depois que terminei minhas tarefas de escola, fui até a biblioteca de meu pai para escolher um livro.
Sempre gostei muito dos livros de meu pai, apesar de não entende-los muito bem.
Meu pai dizia que eu devia ler os infantis, mas desde cedo gostava de mexer nas estantes.
Lá estava Dedé espanando a biblioteca e falando alto.
Nem se deu conta de minha presença, tão absorvida no que fazia e falava.
Fiquei quietinha e comecei a prestar atenção no que ela dizia.
-Vocês pensam que vão picar os livros?
-Vão não.
Já tirei todo o pó e depois vou buscar por vocês.
-De repente parou e deu um gritinho de satisfação!
Ah, estas ai?
Eu olhei e não vi nada...
Mas ela imediatamente subiu na pequena escada.
E pôs para baixo o que tinha achado!
Fiquei de olhos bem abertos para ver o que era?
Seria uma traça?
Para meu espanto era uma teia de aranha!
Ai não agüentei e falei com ela.
-Você vai pegar com a mão?
-Oi menino veja só que danadinha!
Então pude ver a aranha bem no centro de sua teia.
-Ela pica Dedé?
-Pelo sim pelo não não arrisco.
São danadas e ficam lá no alto para pegar os insetos que entram do jardim.
As aranhas são perigosas sim e malvadas também.
Nunca ponha a mão nelas e este veuzinho que você esta vendo é a casa dela.
É chamada teia ela prende e enrola os bichinhos para mais tarde come-los.
Achei muito interessante o que ela me ensinou, e é claro que eu iria logo colocar minha mão.
Mas aranha é diferente de Joaninhas ou Vaga-lumes.
Eles não picam fazem cócegas!
Mais tarde fiquei sabendo pelos livros de meu pai, que existem muitas espécies de aranhas.
Realmente são perigosas.
Contei a minha mãe o que a Dedé me ensinou.
Pois é a casa da aranha,tão simples mas perigosa.
Portanto tenham sempre cuidado não ponham a mão em nada.

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O Esconderijo das Galinhas.

Marlene B. Cerviglieri


Todas as madrugadas minha mãe me levava para a casa de meus avós.O sol não havia parecido ainda era escuro e fresquinho.
Lá eu ficava até a hora de ir para a escola e meus pais iam trabalhar.
Ali eu permaneci toda minha infância e adorava ficar lá.
A casa não era muito espaçosa, mas o quintal era o meu paraíso.Meu avô cuidava muito bem dele
Havia arvores frutíferas, pereiras que carregavam de frutas.As pêras pareciam enferrujadas mas eram bem doces quando maduras.As parreiras eram três, uma de uva preta bem pequenina que meu avô usava muito para fazer vinho.As outras eram rosa e branca.Além de todas as frutas havia uma plantação que a vovó cuidava, com chás e ervas que os vizinhos vinham sempre procurar.
No fundo deste quintal havia um galinheiro com vários tipos de galinhas, brancas vermelhas carijós e uma diferente que não sei bem se eram galinhas de angola.
Só sei que faziam um barulho engraçado!
Neste dia resolvi que iria procurar uma forquilha para o meu estilingue.Nós brincávamos de tiro ao alvo com eles e fazíamos campeonatos para ver quem atirava mais longe a pedra.Nunca usei para maldades.
Subi na goiabeira mais alta e lá fiquei buscando.
De repente avistei num canto do quintal bem no fundo,
Uma mancha branca? Um monte de pedras?-
Ora o que seria?
Fiquei cismado e resolvi descer.
Fui direto ao lugar, e que surpresa!
Era um monte de ovos de galinha!
Corri para dentro da casa e chamei minha avó que não pareceu surpresa.
Levou uma cestinha de palha e pegou os 10 ovos que ali estavam!
Ai então me explicou que as galinhas costumam ter esconderijos no quintal.
-Veja, são ovos diferentes uns dos outros.
E realmente eram.
Mais tarde me chamou e havia feito um bolo gostoso de fubá usando alguns ovos do esconderijo.
Mais uma coisa para eu espiar agora seria os esconderijos das galinhas.
Vida boa aquela na simplicidade sem perigos e com liberdade.
Terminei meu estilingue e mostrei ao meu avô que estava fazendo um banquinho para mim.
-Cuidado menino isto é uma arma, veja lá o que vai fazer com ele!
-Pode ficar descansado vovô.
-Não se esqueça do meu carrinho de rolimãs viu?
Fizemos o campeonato e eu perdi, pudera o meu estilingue estava com defeito.
É claro só pensava em achar esconderijos de galinhas!

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A Vila das Formigas

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Marlene B. Cerviglieri

 

 

 
Bem no meio do campo imenso de plantação, havia uma vila somente habitada por formigas. Lá todos tinham que trabalhar para alimentar a rainha, que era muito má segundo diziam algumas moradoras. Dormia e comia o dia inteiro sem fazer nada.reclamava de tudo e de todos os serviçais que se desdobravam em trabalhar.
Como sempre no meio de uma turma tem sempre o líder, aquele que pensa um pouco diferente do resto do grupo. Suas idéias em geral são sempre aceitas, mesmo que não sejam as melhores. Todo grupo tem seu líder e às vezes nem o percebem.
Assim sendo havia em uma das moradias da vila, uma formiga que não se conformava com o sistema todo. Trabalhava e muito bem como todas, mas sua cabecinha fervia de tanto pensar em tudo. Não aceitava o tratamento imposto pela rainha, era uma violação dos direitos formigais pensava.
Porque só ela come o melhor, dorme e não faz nada. Ficava furiosa e mais trabalhava. Até que um dia teve que sair da vila, caminhar muito para buscar uma certa ervinha que a rainha estava precisando. Lá foi ela enviada para tal missão.
Andou muito e cansada já, parou para respirar um pouquinho. Foi quando ouviu barulho de água jorrando... Mas que maravilha o riacho era claro e límpido. Cansada e com sede aproximou-se dele. Assim que tentou chegar para beber a água, ouviu:
- Precisa de ajuda?
Assustou-se saindo rápido dali. Parou e olhou para ver quem falara com ela. Bebendo água e ao mesmo tempo tomando banho, estava o Elefante.
- Puxa como era grande e forte...
Voltou devarinho e pediu licença para beber água.
- Ora formiguinha a água é para todos beba a vontade, deixe que eu trarei até você um pouco dela.
Assim o fez. Ela ficou maravilhada, pois na vila tinha que pedir permissão para tudo. Contou ao Elefante como vivia e que não estava nada contente.
- Veja minha amiguinha, você vive num grupo e sempre será assim mesmo fora da vila.
- Eu também tenho meu grupo e existem regras para se pertencer a ele. Pense em cooperativismo, formiguinha.
- Você não sabe o trabalho da rainha e o esforço que ela deve fazer lá dentro sozinha.
- Agora mesmo se você quiser atravessar este riacho não poderá, pois se afogará.
- Já eu posso atravessá-lo, pois sou bem maior que você.
- Porém se for um rio maior que este, você passará eu não.
Percebeu como existem diferenças que parecem às vezes a favor dos outros?
- Mas não é assim, cada um tem o seu valor.
Veja você, por exemplo, está longe da vila e vai buscar o que a rainha precisa.
Viu este riacho, bebeu água, falou comigo, e ela? Onde estará agora? Cada um tem o seu tempo a sua força e sua missão.
Cabisbaixa a formiga disse adeus ao Elefante, e continuou seu caminho.
Nunca havia pensado desta forma. Realmente possuo meu valor, tenho o meu poder consigo o que quero.
Pensando assim apanhou a ervinha que a rainha precisava, voltou não esperando agradecimento, pois cumprira sua missão.
- Pois é amiguinho aprenda com a formiga, pense e trabalhe seja persistente você pode você tem o poder!
Mesmo não sendo o líder, você tem a você mesmo que é a pessoa mais importante do mundo.

 

 

 

 

 
                                   

 

 

 

 

 
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A Mestre, e o Chiclete

Marlene B. Cerviglieri

A escola era muito grande e freqüentada por alunos de classe média.
Usavam um uniforme cinza com camiseta branca e uma jaqueta esverdeada.Tudo que precisavam havia dentro da escola, muito bem dirigida por freiras e alguns padres.
Separavam as turmas em masculino e feminino.Portanto as classes não eram mistas.No entanto aquele ano resolveram misturar as turmas depois de analisarem que havia tido muitos mais problemas com o masculino.Até briga com estilingues houve dentro de sala de aula.Por pouco não acertaram a professora, que apavorada saiu correndo..
Sapos foram colocados nos vasos de flores, barulhos misteriosos durante as aulas então...
Assim sendo estavam junto com as meninas para que aprendessem a se comportarem melhor!
Puro engano.Mas veja o que acontecia todo dia.
Na sala da 2a.série B havia uma aluna de nome Luciana.
Esta menina tinha o habito de mascar chiclete o tempo todo.
A professora chamou-a e alertou que não poderia faze-lo em sala de aula.
Pois bem. O que fazia Luciana!
Sempre que adentrava a sala de aula, grudava o chiclete embaixo da mesa da professora.
Ninguém percebia e assim ela ia grudando todos os dias.
Daí que, certa vez a faxineira da escola dna Neusinha, limpando a classe e tudo mais viu a quantidade de bolinhas de chicletes grudados embaixo da mesa...
Ora mas que coisa feia, pensou!
Chamou a professora que estava estudando na biblioteca e mostrou-lhe.
Não faça nada dna. Neusinha deixe comigo.
Já tinha idéia de quem fazia isso, mas resolveu dar uma chance.
No outro dia chegou na sala de aula e perguntou:
Quem aqui gosta de mascar chiclete?
Varias meninas e meninos levantaram a mão.
Porém notou que a principal suspeita não o fizera.
Porque professora, perguntaram quase que em uníssono.
Vai haver um concurso para ver quem consegue fazer as maiores bolas de chiclete, e quero inscrever os que gostam somente.
Luciana ficou vermelha de raiva e levantou a mão, eu também gosto professora.
Ótimo respondeu a professora, será na próxima semana depois da educação musical.
E assim foi, receberam vários chicletes e fizeram no pátio bolas e bolas e se divertiram bastante.
Chegou a hora de escolher a vencedora a que melhor desempenho teve.
A professora foi chamando um a um e dando seus prêmios e dizia a todos:
Pelo seu desempenho bom fôlego, e principalmente sua honestidade e, entregava um livro lindo sobre os pássaros.Todos ficaram satisfeitos.
E chegou a hora de Luciana.
Para você Luciana pelo seu desempenho, sua falta de educação e principalmente pela sujeira que causou!
E assim dizendo entregou a ela um vidro com todas as bolinhas de chiclete que havia colado embaixo da mesa.
Todos se viraram e riram a valer.
Veja minha aluna, eu lhe dei a chance de me contar a verdade e ai seriamos eu e você para resolver.
Mas como você negou e se escondeu, tenho o direito de resguardar seus colegas.Você até deixou que outros talvez fossem suspeitos. Espero que aprenda esta lição, normas são para serem mantidas.Sim podem ser flexíveis e mudadas mas sempre de comum acordo.
Cabisbaixa Luciana se desculpou com a professora e com seus colegas também.
E na escola a Mestre ficou sendo conhecida como a professora do chiclete!

 

 

 

 

A Fadinha e o Grilo

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       Marlene B. Cerviglieri

 
Havia um bosque encantado, onde moravam a fadinha e seus amiguinhos. Ali todos eram muito felizes, brincavam o tempo todo iam comer quando tinham fome e a noite dormiam em suas casinhas.
Mas, ora ora dona Fadinha estava muito triste pois não tinha sua casinha! Conversando com o Grilo seu amiguinho disse que gostaria de ter uma casinha bem bonita.
Isso é fácil disse ele.
Eu moro em qualquer folhinha ou galho mas você pode ter melhor.
Vamos procurar pela floresta Fadinha e ver o que podemos fazer.
Assim saíram a procura. No meio do caminho encontraram o pica pau e a andorinha.
Aonde vão com tanta pressa?
Estamos procurando uma casinha para a Fadinha disse o grilo.
Podemos ajuda-los se permitir.
É claro disse a Fadinha.
Voaram por varias arvores, olharam em vários lugares e nada! Já a tarde cansados  e com fome resolveram comer frutinhas que caiam aos montes das arvores ali perto. A Fadinha preferiu procurar uma fruta maior e separou-se do grupo. Voando que estava, pois Fadinha sabe voar como passarinho, viu uma enorme arvore cheia de frutos tão grandes!
Que fruta será esta? E foi se aproximando.
Era um pé de Jaca carregado delas e maduras.
Que coisa linda de se ver pensou.Que frutos grandes ela dá!
Chegou perto e viu que a fruta era meio espinhosa e dura. Ora vejam só aqui não dá para comer com as mãos. Voando mais um pouquinho viu outra arvore grande cheia de frutinhas grudadinhas em seu tronco e galhos!
Que maravilha pareciam bolinhas de gude, fubecas também chamadas assim!!
Era uma jabuticabeira carregadinha.
Ah, esta dá para pegar são pequenas.
Comeu algumas e ficou ali na fresca pensando nas diferenças entre as duas arvores e seus frutos. Foi então que pensou:
Os bichinhos meus amigos podem dormir nas arvores nas folhas e até nas tocas como os coelhos. Mas eu preciso de uma casinha maior é claro do que a do pica-pau...
Voltou para os amiguinhos e decidida disse-lhes:
Amigos já sei onde vou morar. É onde disseram todos juntos?
No topo da montanha azul. Lá existem vários lugares posso até escolher um bem bonito para mim. Todos voceis poderão me visitar pois é fácil subir até lá. Assim ficarei bem protegida durante meu descanso.
Sabem porque a montanha chama-se azul?
Não, disseram.
Porque às vezes ela se encontra com as nuvens e fica tudo azul.
Puxa disse o Grilo, você vai ficar pertinho das estrelas não é mesmo?
Acho que sim respondeu a Fadinha.
E assim ela foi morar no topo da montanha azul.
De vez em quando ela desce para brincar com sus amiguinhos pelo bosque e também para fazer algumas travessuras.
É Fadinha gosta de brincar conosco também.
Como?
Ora, de vez em quando esconde nossos brinquedos, come nossas balinhas mas faz isto tudo de brincadeirinha.
Agora escolha, coma jaca ou jabuticaba as duas são gostosas e fazem muito bem para nós, depois é só esperar a Fadinha para brincar com você!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A CONVERSA DAS MOCHILAS


 
Marlene B. Cerviglieri

 
No cantinho do quarto ela estava encostada e parecia bem triste. Vamos ouvir seus pensamentos: Eu era uma mochila linda toda enfeitada sempre com mil selinhos brilhando, brilhando... Agora estou aqui encostada sabe lá o que vão fazer comigo! Ajudei tanto andei nas costas de meu amiguinho, levei alguns chutes de outros malcriados da sala, mas eu era feliz.
-Assim estava pensando a pobre mochila ali no cantinho.
Na outra parte da casa, no escritório dos pais de Pedrinho a mãe já preparava o material escolar para o ano que se iniciaria em poucos dias.
-Pedrinho meu filho, você escolheu a mochila certa é bem grande e dá para colocar no carrinho não precisará por nas costas!
-Sim mamãe, também gostei tenho muito carinho pela minha velha mochila.Foram dois ou mais anos juntos e ela não pesava tanto assim.
Dizendo isto voltou para seu quarto e pegou a mochila.
-Minha querida amiga, sei que você não fala que é um objeto, mas estou triste de ter que encostar você.
-Sabe, preciso de mais espaço tenho mais livros e cadernos a cada ano que passa.
-Minha amiga o que farei com você, não quero que fique aqui sem fazer nada!
Sentou-se em sua cama e adormeceu. Sonhando que estava em uma escola pequena cheia de crianças e a maioria não tinha nem cadernos para escrever...livros então era coisa rara! Andou pelas salas de aula e os lápis eram emprestados dia a dia! Escreviam em folhas que as professoras davam! Chegou a hora de lanche e o que iriam comer? Assustado assim, acordou de repente. Foi então que a idéia veio.
Já sei o que vou fazer. Abriu todas as gavetas e foi retirando tudo que tinha em dobro e o que não precisaria também. No Natal havia ganhado lápis de cores, canetas alguns livros de historias, cadernos grandes e bonitos enfim muita coisa. Foi até o escritório e disse a mãe que gostaria de dar todo material extra que tinha para alguma escola que precisasse.
-Que idéia maravilhosa disse a mãe que era uma pessoa de muito bom coração também.
-Faça isso meu filho você tem tanto e se precisar de mais poderemos mos comprar, já as escolas não podem estar oferecendo de tudo para as crianças.
Assim foi, voltou para seu quarto e pegou tudo até aquele tênis que estava no gaveteiro guardado para que, perguntou a si mesmo? Chegou a hora da mochila. Pegou-a e levou até o escritório.
-Veja minha velha amiga, aqui esta a que vai me ajudar daqui para frente.
Encostou uma mochila na outra e foi atender a campainha da porta. Conversa das mochilas:
Oi, você é muito bonita toda colorida e bem grande.
Você também ainda esta muito bem.
Sabe que bom que estamos juntas, preciso de uns conselhos teus.
Meus?
É. Quero saber como vai ser minha vida de agora em diante e você já sabe, já passou por isso.
A velha mochila ficou toda contente e foi logo respondendo
-Bem você será a amiga numero um de Pedrinho fique sempre junto dele, é um menino cuidadoso e vai cuidar de você direitinho como cuidou de mim.Andei muito nas costas dele, mas você já ganhou um carrinho assim o peso não será tanto para ele.
-Ah, muito obrigado pelas palavras gentis.
Eis que Pedrinho volta dirige-se para a velha mochila e diz:
-Pronto minha velha mochila você vai ajudar outra pessoa agora, é uma menina muito boazinha que precisa muito de você.
-Entre Laurinha, veja aqui esta tua mochila agora.
A menina abraçou a mochilinha e saiu toda contente. E assim se alegraram três corações, de Pedrinho, de Laurinha e da mochilinha também.
Você pensa que ela não ficou contente! Ficou sim, que tal seguir o exemplo e ajudar os que estão precisando das coisinhas que você tem até demais!
Você não sabe, mas na fila das mochilas há muita conversa...
Feliz retorno às aulas.
Um abraço.

 
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 O Calendário mágico

 
Marlene B. Cerviglieri

 
O Calendário fixado ali naquele mural era bem grande. Fiquei olhando e então comecei a ver tudo se movimentando! O Calendário era a casinha dos meses do ano! Cada um de uma cor com suas atividades lindas e explicativas. Entrei na primeira casinha que era a de Janeiro! Vi mar praia  e até montanhas, representando as férias que estavam começando, algumas datas comemorativas como aniversário de São  Paulo.Um mês de reunião de famílias e muitos passeios. 
Ao seu lado pequenina em comparação com as outras, estava a casinha de Fevereiro! Ah este eu conhecia, o retorno às aulas, o encontro com meus colegas e também o Carnaval.Mas a casinha ao lado era grande, de Março, onde mudaria a estação o Outono viria.Muita data, Dia da Poesia, do Circo Dia da Mulher, puxa é um mês bem grande. 
Já chegamos na casinha de Abril!Quanta comemoração...e a Páscoa c